Acordei com o silêncio.
O cheiro inebriante de rosas vindo do quintal inundava o quarto. A janela estava aberta e a cortina entreaberta esvoaçava com o vento. Eu havia adormecido na poltrona, o livro em meu colo.
Laika dormia com as costas voltadas para mim, em posição fetal. Estava meio enrolada no cobertor, que cobria seu tronco e deixava de fora os pés. O travesseiro estava encostado na cabeceira. Uma respiração suave vinha de sua boca aberta.
Aproximei-me lentamente da cama e retirei seus sapatos. Ela ainda usava o vestido da noite passada e eu não ousaria tentar tirá-los. Enquanto puxava o cobertor para cobrir seus pés, ela murmurou alguma coisa em seu sono. Fiquei paralisada. Ela virou-se na cama e ficou de barriga para cima, como se estivesse falando comigo.
Continuei, dessa vez tapando os ombros nus dela. Em seguida, me arrastei pela cama até estar ao seu lado e abracei-a pelas costas, pondo o braço ao redor de sua cintura belamente esculpida. Encostei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos. Restou-me ficar naquela posição, sentindo o cheiro de seu perfume de laranja, até sentir seu movimento, percebendo que ela virava-se para mim.
Afastei-me a tempo de observá-la enquanto levantava as pálpebras, mostrando suas íris de um cinza titânio apaixonante. Um sorriso surgiu em seus belos lábios carnudos, que desapareceu quando aproximei-me e rocei meus beiços nos seus.
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