quinta-feira, 21 de abril de 2011

No nosso campo de papoulas

Quando a gente for ao nosso campo de papoulas, que mandei trazer do Mundo de Oz, vai ser mágico. Porque quanto mais avançamos mais cansamos e então dormiremos.
Dormiremos eternamente, não vale a pena acordar.
No nosso campo de papoulas especial tem tudo o que precisamos. Tem o cheiro doce e feiticeiro, tem a cor escarlate e bonita e tem as músicas das flautistas do nosso campo de papoulas.
E tem nós dois e não tem mais ninguém.
E vou mandar plantar uma árvore do pecado original, bem no meio do nosso jardim. Vamos dormir sob ela, não vamos comer de seu fruto para não acordarmos do nosso Éden total.
Não teremos leões covardes no nosso campo de papoulas e o brilho do sol vai se estender no horizonte, até onde for o nosso campo de papoulas vermelhas e bonitas. E Monet não tinha papoulas mais bonitas, nem eram tantas.
Vai ser bonito como o desenho das crianças, como as músicas feitas por um surdo, como as esculturas de quem não tinha braço, como o brilho dos olhos daqueles que vêem um mundo distante.
Porque nosso campo de papoulas é longe daqui. É longe da nossa cama.
É nos nosso sonhos quando dormimos.



Karine Lima

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