A história que vou contar agora é como surgiu a tal expressão “Metido a cavalo do cão” (pelo menos, como eu acho que surgiu).
Enfim, verdade ou não, vou contar!
Tinha uma cidade de nome muito diferente, era a cidade de Caporá. Era uma cidade muito pequena na verdade. Tinha uma rua principal, onde ficava a igreja, a escola, a prefeitura, a padaria e o Banco. Tinha uma pracinha pequena. A riqueza da cidade eram as grandes fazendas.
Um belo dia chegou em Caporá um sujeito muito estranho, magricelo, amarelado, fraquinho, raquítico. Era feio o pobre homem.
E estranho. Tomava cana que só vendo. Tomava um litro e meio sozinho e nem ficava cambaleando. Bebia aquela bebida ardente que nem quem bebe água. As roupas mal arrumadas, um chapéu velho na cabeça e uma cara enfezada.
Se demorou na cidade algumas semanas. Não se sabia onde dormia. Não tinha registro na estalagem na cidade (que também ficava na rua principal, esqueci de dizer) e ninguém o via dormindo por bancos da pracinha, ou nas calçadas da pequena cidade.
Logo, as crianças sentiam medo dele. As beatas passavam e faziam o sinal da cruz. Diziam que era o “Cão” em pessoa. O Bute, o Diabo, o Coisa Ruim, o Senhor das Trevas, O Capiroto, o Malvado.
Mas criança não tem medo de nada, toca chamar o homem de “seu Diabo” bem alto no meio da rua.
E ele fingia que não ouvia.
Mas acontece que um dia, Josué, filho do fazendeiro mais rico de Caporá cismou de tirar a paciência do desconhecido. Chamou o homem de tudo o que era nome feio. Xingou de mãe à avó, e o estranho nem aí. Até que por fim Josué disse as seguintes palavras:
- Deus me salve desse maluco!
O homem voou pra cima do pobre do Josué. Foi uma coisa espantosa. De socos, cabeçadas, arrastão e pontapé. Caiu em Josué com tudo.
O povo tentava salvar o rapaz rico que estava ali apanhando. E o estranho com a louca batendo em Josué. Acharam inclusive que aquele ódio todo foi por Josué ter dito a palavra “Deus”.
A questão é que quando Josué já estava desmaiado no chão e o estranho já chutava cachorro morto. Deu uma ventania estranha na cidade, e o desconhecido virou um cavalo preto de olho vermelho e crina azul. Correu tanto que ninguém nunca mais viu.
Então o povo percebeu que não era o diabo em pessoa, mas seu cavalo!
Desde desse dia, lá em Caporá, quem é metido a forte e valente e age sempre com violência e covardia é “Metido a cavalo do Cão.”
Eu hein!
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